segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Fernando, parte 1

Novo texto, sem enrolação de novo! Aproveitem, esta história será divida em partes. Pelo planejamento 2 partes. Abraços!

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Fernando era um menino de corpo rechonchudo pra sua idade, isso acaba o tornando um pouco mais forte que as outras crianças de sua turma na escola. Sua insegurança quanto ao seu corpo e possivelmente outros problemas o levou a tentar elevar sua estima e valor frente a turma do modo mais simples que pode pensar: brigando, zoando e desmerecendo.

Ele ia em cima especialmente dos garotos mais quietos e franzinos. Eram mais fáceis de serem alvo de pancadas, um ato sábio, se for levar em conta sua chance de sucesso e evitar que fracassasse, o que causaria um dano ao seu ego e estima. Com isso, Fernando passou paralelamente a detestar estudar, afinal estes garotos mais quietos e franzinos normalmente eram aqueles que faziam uso de sua maior força: a mente. O jovem robusto não tolerava que aqueles que eram suas presas fossem melhor do que ele de forma alguma! Ele foi ensinado a sempre esmagar aqueles que forem seus inimigos. Bom, ao menos foi isso que ele tinha entendido.

Por consequência, suas notas diminuíram e sua fama na escola de garoto encrenqueiro só aumentou, mais e mais, ao ponto dos seus pais serem chamados para conversarem sobre seu comportamento ruim.

Mas seus pais nunca iam.

Porém, de certa forma, Fernando passou a ficar um pouco mais calmo, e tímido também. O engraçado é que mesmo ainda no fim do outono e ainda nem tão frio passou a usar roupas mais longas, boas pra este clima. Quando perguntavam a ele, se fossem seus colegas respondia rispidamente “não enche, se não te encho de porrada” ou “vai cuidar da tua vida, zé ruela”. Aos professores dizia simplesmente que sentia frio e que gostava daquelas roupas. Não o viam suando ou morrendo de calor, por isso não davam muita importância, afinal, até mesmo que chamassem seus pais de nada adiantaria, já haviam feito isso para nenhum resultado.

Contudo, por mais que estivesse mais quieto, mais calmo, suas notas não melhoravam. Ele ainda desgostava do estudo. E pior, se ao menos antes socar os mais fracos era sua felicidade, agora ele parecia sempre estar com uma das três expressões: raiva, tristeza, abatimento. E nenhuma delas é boa pra um jovem. Ainda mais que ele estava começando a entrar na puberdade, num dos momentos mais importantes para formação de caráter, integridade e personalidade de uma pessoa.

Então, um professor de geografia percebeu o quão abatido ele estava, sem falar nas suas notas horrendas e dos erros abissais que ele cometia, como por exemplo afirmar que a capital do seu estado era outra cidade. Decidido a compreender melhor o que se passava na cabeça desse menino, o professor chamou-o pra conversar ao final de uma aula. Emburrado, carrancudo e desconfiado, Fernando foi. Ao chegar na sala de orientação, foi convidado a se sentar de frente para o mestre. 

Olhando nos seus olhos o professor começou a fazer perguntas que Fernando julgou tolas e sem importância. Trivialidades. Isso é,  segundo o julgamento que ele tinha pensado num primeiro momento, pois algo parecia fazer sentido para o professor. E conforme as perguntas pareciam fazer mais sentido, elas ficavam complicadas.

Passaram a falar dos seus pais.

Foi então que Fernando disse que morava apenas com a mãe. O pai ele via de vez em quando – na prisão – durante visitas. Sua mãe só tinha a ele e a uma irmã mais velha dois anos. Ela era ainda uma mãe jovem, trabalhava num emprego simples, mas cansativo, chegava exausta em casa e tinha que dar atenção a sua filha e seu filho. O estresse fluía entre as pessoas que moravam ali como água de rio, ia de um para outro, e desembocava no mar – a escola –. Sua mãe lhe ensinava a nunca ser passado pra trás, a nunca confiar demais em alguém e nem a ser pego quando fazia besteiras, para não acabar como o (traste do) pai. Suas vidas eram difíceis, o governo com programas sociais aliviava um pouco as coisas, mas a mãe sempre lhe dizia que isso só tornava maior a obrigação para ele estudar, para que ao menos ele não tivesse que recorrer aos mesmos “ofícios” do pai.

Ao contar tudo isso Fernando ficou impressionado como ele mesmo se sentiu aliviado e amedrontado de ter se aberto para uma pessoa que ele via no máximo duas vezes por semana, sendo que ele era apenas mais uma pessoa dentro da sala. E para sua surpresa maior ele não viu nos olhos do professor nem pena, nem vergonha e nem temor. Ele viu apenas um olhar de compreensão e de aceitação. Com esse mesmo olhar em sua face, o professor o chamou para caminhar pelo jardim da escola. Era um espaço grande onde ficava o jardim, porém o jardim em si era pequeno, tinha apenas três árvores e uma meia dúzia de moitas com flores. Era pequeno, mas bem cuidado dentro da medida do possível.

Chegando lá, o professor admirou o jardim e falou o seguinte para Fernando:

“Fernando, o que você vê aqui?”

Fernando olhou estranhando para o professor. Era uma pergunta meio boba e óbvia.
 
“Ora, árvores, algumas flores e esse banquinhos”

Continuando a olhar pro jardim ele indagou novamente:

“O que mais?”

O aluno pareceu incomodado com a segunda pergunta de seu instrutor. Respondeu um pouco impaciente:

“Uhm... Terra? Folhas? Bichos?”

Como se visse apenas o óbvio, o professor perguntou um pouco mais rápido:

“Certo, certo, mais o que?”

Nesse momento Fernando irritou-se. Ele não gostava de perguntas, aliás, o professor nos últimos vinte minutos só fez perguntas.

“O que te interessa, fessor, tá tudo tão na cara! Eu não preciso ficar apontando o que é o que nisso aqui. Nem ficar dizendo o que cê já sabe. Pô, tô de saco cheio de ficar só recebendo perguntas! E isso nem prova é!”

Surpreso pela sinceridade e afronta do aluno, o professor esboçou um sorriso, virou-se para Fernando, e disse:

“Não, isso não é uma prova, e realmente sei como é chato ficar apenas respondendo a questionamentos. Mas minha intenção ao te perguntar o que via aqui no jardim se resume a uma coisa simples: queria entender como você vê e compreende o mundo.”

Dessa vez, abaixando seu rosto ao nível dos olhos de seu aluno ele continuou:

“Ao perguntar o que você vê aqui nesse jardim eu compreendo o quanto você sabe sobre o que está aqui, o quanto você sabe sobre o Meio Ambiente.”

Impaciente, Fernando cortou.

“Sei, sei, aquele bagulho sobre o lugar em que vivemos, né?”

“Exato” aquiesceu o professor “mas minha intenção é outra. Amanhã eu vou pedir pra você sair da aula e vir conversar comigo de novo, na mesma sala. Se não puder amanhã, faremos isso no dia de nossa próxima aula.”

Fernando fez uma cara de desgosto. Aulas particulares era algo que ele definitivamente não queria. Mas mal sabia ele que não era exatamente esse tipo de aula que iria ter. A intenção do professor era outra.

Sua intenção simplesmente era oferecer mais do mundo a Fernando, inclusive para que ele pudesse sair do mundo que ele estava no momento.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Ô povo burro!

Sem tempo pra explicações do porque faz 4 anos (welp!) que não publico nada aqui. Publiquei, 2bjs!

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Numa rápida reflexão sobre o povo, o povo brasileiro, as grandes massas, eu paro para pensar o quão estranho é o fato dele manter-se calado ante numerosos e problemáticos acontecimentos em nossa sociedade e nossas vidas. Percebo que o povo demonstra pouco valor de reflexão e preocupação sobre um determinado acontecimento que pouco vai além de uma opinião - normalmente inflamada - sobre um assunto. Quase que uma reclamação sobre os problemas que seu time passa ou como um jogador tem ido mal. É aquela tal coisa de "fulano tá fazendo merda e é um babaca, tem que matar/prender/chutar/agredir/repreender-de-alguma-forma-normalmente-violenta".
De certa forma, isso demonstra um pouco de inocência, e não a inocência pura cantada aos versos tal como a inocência que reside nos olhos de uma criança, mas a inocência que jaz na raiz da palavra: sem noção.

"Eita, então tu tá chamando o povo de burro?"

Sim, não e talvez.

Sim - O povo é burro por não se permitir ir além da zona de conforto que ele constrói pra ele, uma espécie de dique de informações que ele julga não necessárias pro seu dia a dia, nada que vá muito além de família, trabalho, amigos, futebol, religião (aqui sendo discussões que estejam dentro da esfera e visão da que segue) e política. Mas esta política é bem como o que disse acima, de escurraçar o político. Ou cantar glórias e tecer louvores a um deles que de certa forma fez algo por esta pessoa, mesmo que fosse obrigação dele. Nesse ponto percebemos que há muito espaço para que o povo seja enganado, ou melhor, permitir-se ser enganado. É o melhor caso em que aplicamos o "a ignorância é uma bênção", pois "o que os olhos não veem, o coração não sente". No âmbito de conhecimento, pensamento e reflexão o povo deixa a desejar.

Não - Mas de fato, o povo não é burro. Ele se faz de burro. Tanto no sentido figurativo de pouco inteligente quanto no figurativo ao animal, pois ele se permite ser feito de burro de carga. Nos dias de hoje a informação está na internet, pronta para ser acessada, mas verdade seja dita: aida poucos tem acesso a ela. Embora telejornais demonstrem em suas notícias intensa interação com a internet, isso não representa muito. Numa rápida pesquisa - na internet - descubro que cerca de 70% dos jovens de 15 a 19 anos (dados extraídos do Folha de São Paulo, fonte IBGE) são os que acessam a rede. Eles são de uma nova geração, as pessoas mais velhas não acessam tanto a rede, somente nas camadas mais ricas da sociedade, e que consequentemente são menores - e não são o povo como definido acima -. Porém, internet não é verão para o povo. Sua sabedoria, acumulada e decantada ao longo dos anos consegue desenvolver bons pensamentos, boas resoluções, e que de certa forma, num âmbito amplo demonstra certa sobriedade nos seus atos, escolhas e ações. Inclusive no ato de não saber, pois não saber não é ser burro. Não saber pode ser não perder o foco daquilo que importa: viver. No âmbito de sabedoria, sobriedade e tenacidade o povo demonstra por que não foi esmagado pelo peso de suas responsabilidades.

Talvez - Mas no fim, mesmo com esses pontos levantados que demonstram que conhecimento tem a ver com inteligência assim como sabedoria também - ao menos nesse contexto - é difícil ter uma conclusão única. Se por um lado o povo escolhe as "sombras da ignorância" deve ser por que há um pusta sol abrasador queimando seu quengo, mas ainda assim não ver e não saber do que há além de onde se resguarda do sol é não saber o que - também - está o resguardando dele. O peso do dia-a-dia do povo brasileiro é pesado, um fardo muito pesado mesmo. É angustiante, estressante, cansativo, perene e aparentemente interminável. As melhorias diretas na vida do povo tem sido poucas ao longo do último século. Podemos ver houve evolução, mas os problemas raíz ainda existem: educação, saúde, alimentação. Moradia e entretenimento tem sido problemas bem aliviados. Alimentação também, mas de uma forma que a fome passa, a qualidade não melhora, e isso só agrava o problema "saúde". Olhando esses problemas - e selecionei poucos, os que vieram a minha cabeça de primeira - dá pra ver bem que já há muito a se preocupar, e isso dentro da própria vida. É tanta coisa a se ocupar mentalmente que pouco sobra tempo para refletir sobre o que pode ser feito. E quando sobra opta-se por continuar ignorando/esquecendo, para ver se há um momento de paz. Isso gera dois frutos: a inocência e a culpa. Inocência que impede que haja uma completa e absoluta resolução de condenação para o povo por fugir de reponsabilidade de melhorar sua própria vida de outra forma além do seu trabalho e culpa que parte da opção de não discussão, não pensamento e não ação, agindo feito um burro de carga.
É importante notar que culpa, nesse contexto, é o sentimento que surge a partir da escolha de não-ação e não culpa como valor moral para condenação.

No fim, mesmo que se diga ou não que o povo é burro, só é possível vislumbrar um pequeno pedaço dos problemas. Sequer é possível compreender o/os cerne/cernes dele.
Assim, ao menos pra mim, ainda tento compreender por que o povo fica tão calado.

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/05/1279552-acesso-a-internet-no-brasil-cresce-mas-53-da-populacao-ainda-nao-usa-a-rede.shtml

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Décimo Segundo Encontro - Comecei a Faculdade

Olá caros leitores! Como tem passado? Espero que, como sempre, todos estejam bem.
Bom eu estou ótimo, e muito feliz. Comecei a faculdade (biblioteconomia) e consegui um estágio! Estou muito feliz com isso!
Porém isso tem seu lado ruim... Eu tenho bem menos tempo pra postar e escrever alguma coisa. Especialmente do Dimensão do Meio, por esses posts levam um pouco mais de cuidado... Mas ao menos presenteio vocês hoje com um poema (ou poesia... Ainda não sei diferenciar...). Temo que não esteja muito bom, não sei das minhas habilidades de poeta. Bom, aqui está ela

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O Real Ser (Anjo)

Olho a minha volta
O mundo parece oco
O que importa é o exterior
O que se exporta não é mais o que importa.

Todos ocos
Sem luz
Sem Nada
Sem ter e nem ser

Mas algo em mim grita.
Grita e grita
Revela a mim um segredo,
Segredo esse muda meu mundo

E o mundo a volta

"Não somos humanos,
Ao menos você não é.
Isso não é a Terra."

E revela sua face

"Você Caiu a muito, muito tempo.
Paga pelo que fez.
Busca redenção.
Você não é humano."

E a minha

"E isso de fato não é a Terra,
E sim o Vale dos Desesperados,
Da Dor
E da Redenção."

"O Inferno"

"Um anjo é o que sois."

Chorei em minha descoberta

"Um anjo em busca de redenção"

Meu mundo oco ruiu

"Um anjo que busca algo"

O que busco?

"Um anjo que não sabe o que é"

O que sou?

"Abrace a verdade"

Que verdade?

"Alce voo"

Para onde?

"Descubra sua realidade"

Minha ou do mundo?

"Verás que não há como parar"

Mal sei começar!

"És um anjo."

Anjo...

"Bendito e maldito
Mas homem é que sois..."

Limpei minhas lágrimas
E mesmo essas perguntas de segundos atrás...
Sumiram

Fazia sentido.
Sabia o que era.
Aceitei o chamado
E...

Voei.

Para onde ou para o que...
Isso, nenhum anjo nesse inferno sabe...
E talvez...

Nunca saiba.

Mas eu voei.

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Pessoalmente achei esse texto um tanto quanto tenebroso... Mas, infelismente, retrata bem o mundo em que vivemos. E, isso, me deixa muito triste. Mostra só quão fútil é esse mundo... Vamos mudá-lo Caros Leitores!
Bom, é isso pessoal!
Abraço a todos!

'Till Next Opportunity!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Décimo Primeiro Encontro - De novo atrasado...

Olá caros leitores! Mais um texto, mais uma vez atrasado. Mais uma vez o autor arrependido de não ter publicado mais cedo. Mas fiz, como sempre, com muito amor e carinho... Isso ficou estranho...
De qualquer maneira, mais um post novo do ‘Dimensão do Meio’
Aproveitem!


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“Quatro dias...”

Terminado de ter enfaixado as minhas mãos Giuseppe entrou no banheiro.
-O que foi? Já correu, só por isso? Isso são arranhões perto do que passamos aqui.
-Ah é? Mas saiba que eu só entrei nesse mundo a 3 dias, e você já quer que eu me acostume desde já? Eu vivi num mundo de paz! Num mundo de intelecto e não em um mundo de guerra!
-Certo, e isso mudou alguma coisa para mim, você acha? Pode ter mudado da tensão em mente. Mas depois de anos de paz e tranqüilidade você esquece disso, mas ainda assim eu sei usar do meu corpo para trabalhar e me defender. Esse mundo não é a Terra, esse mundo é um local onde vem de tudo e de todas as partes do mundo. Ou melhor de tudo de todos os mundos. Há desde animais dóceis e tranqüilos até criaturas que são sedentas por sangue. Matam pela simples vontade de sentir suas garras atravessando a carne e vendo sua vítima se retorcer de dor. Não subestime esse mundo. – ele parou e respirou, chegou mais perto de mim, olhou minhas mãos e falou novamente – E não se subestime. Se você não gostava de algo que você era no seu mundo então esse é o melhor local para mudar, garoto. Agora passe isso aqui. - me estendendo um pote com um líquido viscoso que parecia a pasta de alguma planta – Isso é Alifista. É um remédio natural desse mundo. Ele é um excelente cicatrizante. Em duas horas isso já vai estar melhor.
-Duas horas? Mas isso é...
-Garoto... O que eu disse? Não diga que algo é impossível, ele será. E não terá Alifista que funcione com você. Vou lhe contar um segredo. Nesse mundo duas coisas são extremamente poderosas: Fé e o dom de questionar.
-Mas isso não é contraditório?
-Não exatamente. Ter fé é acreditar em algo sem ter provas para aquilo. Normalmente fé é imposta, é sólida, não pode ser trabalhada. Porém esse tipo de fé alimenta dúvidas, então não pode mais ser chamada de fé. Passa a ser um acreditar vazio. Mas se você tiver fé mas ainda assim questionar certos pontos e achar novas maneiras de acreditar então sua fé só irá ficar mais forte, ou então você descobre a verdade sobre essa fé. Que no fim das contas é mentira, mas ainda assim é melhor que isso aconteça do que alimentar uma fé sem sentido e valor. – Giuseppe olhou para mim nesse momento e provavelmente viu minha cara esbabacada, respirou mais uma vez e então falou – acho que eu me empolguei. Mas o que eu quis dizer é o seguinte, você ter que ter fé em algo, mas ainda assim não pode deixar de questioná-la. Mas tome cuidado para seus questionamentos despedacem sua fé. Agora passa logo isso para podermos voltar ao treinamento.
-Mas como eu passo?!
-Esfrega nas mãos, passa onde está cortado, enfaixa e coloca a luva. A Alifista também é boa bloqueadora de dor. Anda, agora!
-Calma aí!
Tinha começado a passar a Alifista, e realmente a dor começou a passar. Ou melhor, meu braço adormecer um pouco. Mas ainda assim não era aquela dormência de quando você prende o braço ou a perna muito tempo, mas sim uma em que você mal sentia seu braço se mexer, mas ainda assim eu era capaz de sentir firmeza neles.
Coloquei as luvas.
“Acreditar em mim”
Elas pesavam.
“Ter fé”
Eu vou conseguir.
“Questionar”
Por que eu não conseguiria?
“Fé e questionamento. As grandes forças desse mundo”
Por que eu não conseguiria? Eu tenho que acreditar em mim!

Naquele momento senti meus braços leves, como se o mundo aceitasse o que eu havia dito. A dor que tinha sentido a minutos atrás com o encorajamento de Giuseppe me motivaram, me deram forças, alimentaram minhas esperanças que aumentaram minha fé e me fizeram me questionar “por que não”, ali foi o momento onde eu descobri que aquele mundo não era preso por todas as regras que haviam no meu. Uma força de vontade é o bastante para mudar o mundo que estava a minha volta. O mundo que era eu.
E então, minutos depois
BRACK!
-Eu... Consegui quebrar...
-Tá tão impressionado assim por quê? Não há motivos para isso. Se você tem fé e a faz mais forte se perguntando “por que você não o faria?” então isso é o resultado disso. Agora continue, faltam 84 e você só tem mais... – olhou para os céus – uma hora. Vou te dar um bônus, não se preocupe. Mais meia hora.
-Tá loco!
-Olha garoto. Fé, garoto, fé!
-OK...
Voltei a socar, com uma mão de cada vez as placas, mas acreditando, questionando “por que não?” em um ciclo eterno.
Duas, três... Vinte... Quarenta... Sessenta placas. Não foi em um piscar de olhos. Não, não foi rápido assim. Mas foi. Até então...
-Acabou o tempo. 68 placas... Muito bem... Muito bem mesmo.
-Mas... Não foram as 84.
-Verdade, não foram. E eu ainda assim não acreditei que você sequer chegaria até a 35, mesmo com o que eu te falei.
-Mas não eram 85?
-Era um teste, para ver como você iria, minha intenção era forçar você ao máximo logo nesse primeiro dia. Queria ver os seus limites e, impressionantemente, você me mostrou os seus muito rápido. Mas... Você também os aumentou e expandiu apenas de ter lhe dito aquelas coisas.
-Então eram mentiras? Placebos?
-Não. Elas eram a mais pura verdade, queria ver como você reagiria a aquelas palavras. E reagiu muito bem. Mesmo. Mas creio que aquilo não teria funcionado tão bem sem ter pensado naquilo antes. Me diga, já pensou nessas coisas?
-Já. Muitas e muitas vezes. Ontem mesmo eu pensei, e bastante, perdi até a noção de tempo... Mas era sobre esse mundo, descobrir mais... Saber... Conhecer...
-E questionar é só mais uma coisa que leva a conhecer. Sábio, muito sábio. E você é tão novo...
-Eu tenho 19 anos. Por que isso lhe impressiona?
-Porque eu só aprender essas coisas quando tinha dez anos a mais que você. Em outras palavras 29 anos. 21 anos atrás...
-11 anos? Mas você não parece ter essa idade!
-De fato não. Pareço ter 20 não?
-C-como? Eu diria 35...
-Então na sua época as diferenciações de idade melhoram um pouco. Aos 20 anos ter aparência que eu tenho era excelente.
-Mas ainda assim isso só abre uma cratera ainda maior pra mim... Você deve ter, pelas minhas contas, 50 anos, não?
-Cê tá certo. 50 anos. Esse mundo é maravilhoso nesse ponto. – Giuseppe olhou a sua volta – Os limites de idade são estendidos. As tecnologias de outros mundo são misturadas e se complementam. Nesse mundo outra palavra chave é compreensão. Coisa inimaginável no nosso, mas que nesse mundo é necessária, visto que se houvesse guerra ela não duraria muito, e se durasse ele se implodiria. Os interesses das raças são bem diferenciados em alguns pontos. Mas voltando ao treinamento. Quebre as que faltam agora. Não tem limitação de tempo. Só quero o trabalho terminado.
-Certo
Demorei mais algum tempo para quebrar as placas restantes... Mas o trabalho terminado realmente foi... Tranquilizante.
-Bom por hoje é isso apenas. Acho bom você limpar de novo seus braços e punhos, eles são não estarão pior por contada da Alifista. Aqui tome mais. – ele me entrgou outro pote com Alifista – Agora já pro banho. Você tá fedendo.
-Não precisa falar isso alto!
Entrei novamente na casa e fui tomar de novo aquele excelente banho de ofurô, como a água era quente...
-Ei Gabriel.
Era Maklos. Tinha entrado no banheiro. Vestido.
-Oi Maklos, o que foi?
-Ah é que eu queria lhe avisar que a Kleizwar está sendo bem construída. E ela já tem nome.
-Nome?
-Sim, nome. Todas minhas criações têm vida. Todas. E por sinal, obrigado por me dar seu sangue e seu suor nas formas.
-Formas? Meu sangue e suor?
-Sim, você estava treinando com um par de luvas de metal, não? Elas são formas para Kleizwar.
-Como?
-Sim, elas sevem pra saber direito como são suas habilidades físicas, sua resistência, entre outras coisas. Mas sangue e suor deixam a aura de sua Kleizwar mais forte. Ela se sincroniza com você mais facilmente.
-Peraí, suas armas tem auras?
-Sim, imagino já ter dito que as armas que faço são vivas. E o nome da sua Kleizwar é Ventil. Ela quis juntar as palavras “vento” e “gentil”.
-Não seria mais fácil que fosse Brisa?
-Foi a escolha dela.
-Peraí, tem sexo também?
Maklos riu com gosto.
-Já disse, minhas armas são vivas.
-Só falta ela ter um olho de rubi, ter sentimentos e ter tido escolhido um nome parecido com “Adaga da Maga”... Aí sim eu saberia que tava encrencado e que de algum modo era a reencarnação de uma figura histórica do meu mundo.
-Isso era pra ser uma piada?
-É uma piada, mas como você não é da Terra...
-Não entendo não é?
-É.
-Mas o que vale é a intenção. Com licença
Depois de Maklos ter saído eu terminei meu banho me vesti com as roupas que vim do meu mundo, elas estavam lavadas, e segui para o jantar, que como o anterior foi normal. Mas dessa vez eu prestei mais atenção no que eles diziam e percebi que as “pessoas” de quem falavam eram na verdade utensílios e armas. Realmente, elas eram vivas, e tinham cada personalidade... Agora eu tinha ficado com medo da minha arma... Qual seria a personalidade dela?

Dormi com isso em mente.

-Acorda dorminhoco! Já tá na hora de trabalhar.
Era Giuseppe. Como sempre, energético.
-Que horas são...? - me levantei de modo que fiquei sentado – Deve ser cedo a beça!
-É cedo sim, mas não tanto, ande, temos que treinar!
Com um puxão Giuseppe me levantou e mandou vestir-me com umas roupas que eram apropriadas para exercícios físicos. Nada muito parecido com as roupas especiais pra isso da terra, mas ainda assim da pra perceber.
Corremos por volta da colina onde ficava a casa, e percebi que os arredores da casa eram de pura natureza, alienígena, mas ainda assim era natural. Corremos por volta de uma hora. Estava mais que exausto quando terminou, por exausto já tinha ficado muitas vezes enquanto corria. Isso que dá não fazer exercícios físicos e acabar como um sedentário sem fôlego. Após a corrida descansamos um pouco, coisa de 15 minutos e então ele começou a me ensinar a bloquear golpes com os braços, usando duas braçadeiras de metal, já que as luvas eram apenas formas. Esse treino foi menos exaustivo se considerar a questão de cansaço físico, mas bem mais se considerar cansaço dos reflexos. Ele era bem rígido. Ao menos eu tinha um bom reflexo natural. E mais 15 minutos de descanso. E então voltamos a correr mais uma hora e por fim paramos para comer . Após isso sentamos a frente da casa e começamos a conversar.
-Me diga Gabriel. O que você imagina que você irá encontrar daqui pra frente?
-Eu não faço a mínima...
-Mínima o que?
-Mínima idéia. É uma expressão da minha época.
-Ah, entendo. Bom, então devo lhe contar o que você irá encontrar até chegar na cidade. Há um caminho seguindo por aqui, de terra batida, não teve pavimento ainda. Mas seguindo ela você pode chegar em segurança na cidade, embora você possa encontrar um ladrão ou então alguma criatura não muito amigável, mas ainda assim é mais seguro que seguir pelas árvores.
-Reconfortante saber disso, realmente reconfortante.
-Bom, a cidade em si é bem grandinha. É a maior da região, mas você verá um grande número de humanos, krills, feranos e talvez um ou outro austrino.
-Feranos e austrinos?
-Sim, feranos são animais do nosso mundo, porém eles pensam como nós e agem como nós, mas suas formas são animais. Austrinos são os que vieram de um mundo chamado Austril. Lá há cerca de 6 raças; inteligentes e sociáveis; diferentes. Não me recordo os nomes das raças, mas, por incrível que pareça, lá há humanos. Ao menos eles se parecem muito conosco.
-Humanos de outros mundos? Que incrível! Em que se parecem?
-Em todos pontos gerais, menos em dois.
-E qual seriam esses?
-As cores dos olhos e dos cabelos, mas isso não é grande coisa perto da outra diferença. Magia.
-Magia?!
-Sim, eles sabem usar magia, magia dos elementos da natureza. A diferença que a natureza deles tem dois elementos a mais do idealizado pelos humanos. Luz e Treva são elementos naturais lá. Não sei muito além disso.
Magia. De tudo que eu havia pensado que iria encontrar nesse mundo, magia era uma das coisas que achava possível, mas não imaginava que poderia testemunhá-la tão cedo.
-E os austrinos são amigáveis?
-Pensam como nós, então já da pra imaginar uma grande diversidade de opiniões e idéias. Mas cuidado com alguns feranos. Ele não gostam nem um pouco de humanos, ou melhor, alguns deles. Ainda existem aqueles que não se deram com humanos...
-Por que isso?
-Por que no nosso mundo humanos são criaturas irracionais que só sabem destruir. Seriam considerados os Orcs das fábulas humanas.
Não conhecia essa voz, e ela definitivamente não era humana, era um pouco mais grave. Parecia um timbre estranho...
-O CACHORRO FALOU!
Era um cão da raça pastor-alemão que estranhamente trazia uma bolsa em suas costas.
-Grrrrr... Não fale como se fosse estranho ou inconcebível um cachorro falar, humano...
-Ah olá Charles.
-Como vai Giuseppe. Vejo que temos um novo trabalhador na mina.
-Não eu não sou um trabalhador da mi...
-Não lhe dirigi a palavra, então por favor fique quieto.
-Como é que é – levantei-me – Tá louco?
-Ei ei vocês dois. Acalmem-se... Charles, ele não é trabalhador da mina e ele é um humano como eu e mesmo sendo eu humano você me respeita. Então gostaria que o respeitasse, ele não te fez nada.
-Hump. Que seja, bom eu tenho que ir, preciso ver Maklos, tenho uma encomenda pra pegar.
-Vá em frente Charles.
-Com suas licenças.
E Charles seguiu até a casa.
-Então esse é um ferano?
-Sim.
-Arrogantes eles, não?
-Você vai ter que aprender a conviver com eles e ganhar sua confiança. Bom, de volta a ao treinamento!
-De novo?!
E assim sucedeu-se o treinamento até o fim da tarde. E assim no dia seguinte. E no dia após esse. E no subseqüente. Era pouca fala e muito treino, mas nesse meio tempo aprendi mais sobre a cidade que iria. O nome dela, comicamente era Babilônia. Sim, Babilônia. Foram os feranos que a fundaram, e havia uma Babilônia no mundo deles, não tinha o mesmo significado tenebroso que a da Terra. Babilônia lá era a maior cidade, uma metrópole. Metrópole essa que segundo as histórias ditas, parte dela foi sugada por um Buraco. Buracos são falhas dimensionais aonde você cai na Dimensão do Meio. E aprendi também que Dimensão do Meio é o nome mais formal, mas o local é comumente chamado de Mediana. Mas voltando a Babilônia, diz-se que a parte que foi sugada é aonde fica a cidade de Babilônia. E segundo relatos dos feranos que fundaram a cidade, a Babilônia da Mediana não tem nem 5% do tamanho original da cidade, e pesquisas posteriores, de humanos e austrinos demonstraram que a cidade original era colossal.
Aprendi também sobre a área em que vivem é uma área de relativa calmaria, não há criaturas ou raças perigosas. Por isso que Maklos havia decido morar ali.

Colocando então em números claros, haviam passado 3 dias...

-Acorda Gabri... Ué, onde que ele foi?
-Ah, bom dia Giuseppe. Como foi a noite?
-Acordado já?
-Claro, poxa! Já to cansado de você me chutar pra acordar...
-Ahahaha, ah... Não reclame assim, você parte meu coração desse modo!
-Deixa disso homem. Vamos logo ao treino!
-Animado hoje heim?
-Hoje é o ultimo dia de treino... E andei pensando. Acho que a Ventil não vai querer um usuário fraco.
-É assim que tem que pensar. Então vamos logo!
Assim se saí do quarto encontrei com Klarr.
-Ah, olá Gabriel, olá Giuseppe!
-Bom dia mana.
-Bom dia Klarr.
-Pelo visto estamos energéticos hoje!
-É isso aew! Quero fazer um bom trabalho te escoltando até a Babilônia.
-Conto com você Gabriel.
-Xá comigo!
-Tá garotão, vamos logo treinar!
-Certo.
O treino não foi diferente dos outros nesse dia, fora que foi mais puxado e que eu estava mais motivado para treinar. Por fé, questionamento, medo... Por muitas emoções humanas. Mas especialmente por “Seguir em frente e conhecer o mundo.”.
E o dia acabou sem mais nada novo. Só o cansaço. Não, falar isso é mentir. Havia algo novo sim.

Ansiedade.


“Um Dia”


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Findado mais um capítulo. O próximo capítulo termina com o Prólogo da Estória e então começaremos a ter uma grande aventura, passo a passo, mas será grande!

Until Next Time!

[edit]
Fiz algumas modificações no texto, concordância de lingua e da estória.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Décima postagem! - Poxa é a décima!

Olá caros leitores! Leon aqui! Então é o seguinte, esse é o 10° post do meu blog, mesmo tendo ele vindo uma semana atrasado... Mas há males que vem pra bem, e o bem é que o capítulo hoje de Dimensão do Meio veio bem maior! Deu cerca de 4 páginas no Word e o escrevi com muita vontade, então espero que gostem. Aí está ele.

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“Cinco dias...”

-No que está pensando Gabriel?
-Ah, Klarr... Não é nada...
-Não adianta mentir pra mim Gabriel. Eu sei que está preocupada em ter que me escoltar. Não conhece esse mundo, teme o que soube dos monstros. Se mostra tranquilo para esconder o medo. E acha que isso irá lhe ajudar a fazê-lo passar. Mas ainda assim, sabe que isso não será de grande valia.
Estava aturdido. Naqueles últimos minutos minha cabeça e meu coração foram bombardeados com informações novas que desencadearam sentimentos como medo, raiva e solidão crescente. Uma saudade corrosiva.
-Vamos Gabriel, levante-se – tentava me encorajar Klarr - Sabe muito bem que se ficar aí sentado apenas olhando para a paisagem e estando só não irá lê levar a nada. Fora que você precisa aprender a usar a Kleizwar. Não é só por que ela se adaptar a você que você saberá usar-la.
-Eu... Gostaria de ficar um pouco só. Eu preciso colocar minha mente em ordem... Você é esperta, sabe que eu estava pensando e tudo mais... Mas, só quero ficar um pouco só.
-Tudo bem, como achar melhor. Mas precisando de mim só me chamar, vou estar na quarta porta da esquerda.
-Aham...
A entrada no banheiro e minha queda nesse mundo, o como temporário que é o “Choque de Entrada”, os Krill, monstros, Dimensão do Meio... Isso é tão confuso. Tudo tão confuso e tão novo... Mas no fim novidade e confusão resultam em uma coisa: Medo. Pois se uma coisa é nova e confusa ao mesmo tempo ela é desconhecida. É natural do humano temer o desconhecido.
“O medo é comum a todos. Porém os que se livram dela sabem o que é liberdade e alcançam novos céus. Não tenha medo Gabriel!”
Lembrei-me do que o meu amigo Carlos, amigo de infância, tinha dito pra mim quando tínhamos apenas 12 anos... Cara como aquele cara era inteligente.
“Você é fraco. Você teme as coisas rápido. Você não age de impulso, precisa pensar as coisas meticulosamente! Você não sabe que a melhor maneira de arrumar a cabeça é fazendo exatamente aquilo que você não sabe que é onde você encontra suas respostas e aprende coisas novas.”
Meu professor de judô, Alberto. Havia dito aquilo pra mim... Impressionante vindo de um professor de um esporte como esse.
“O mundo só existe quando nós os desbravamos. Se ficarmos sentados em um canto ‘mundo’ será apenas uma palavra vazia.”
E essa frase... É minha.
Levantei-me... O tempo que tinha gasto pensando só nisso fez com que o dia fosse noite. Estava ficando frio, decidi então entrar. Iria fazê-lo.
Antes de entrar uma centelha de curiosidade me ocorreu. Perguntei-me como seria o céu daquele lugar. Olhando para o alto não vi lua alguma, ou qualquer satélite natural que a valesse. Devia ser um fenômeno parecido com a lua nova ou então não tinha lua mesmo nesse lugar. Tantas respostas para um pergunta não tão simples. E uma centelha de curiosidade sobre a lua tornou-se um grande incêndio de curiosidade. Eu realmente queria conhecer esse novo mundo, com horizontes tão diferentes dos que eu estava habituado seriam fascinantes.
Entrei então. Bati na quarta porta a esquerda. Se não fosse o aviso de Klarr sobre ela estar ali mal saberia disso, teria que ir de porta em porta. Bati duas vezes e nenhuma resposta.
-Klarr? Você está aí?
-Ah, Gabriel, estou sim – respondeu a voz de Klarr lá dentro – pode entrar.
-Com licença.
O quarto dela tinha um quê meio arábico, com aquelas camas de marajás e tudo mais. Porém essa era a maior correlação que eu poderia criar do quarto dela com o que eu já tinha visto em minha vida. Era definitivamente diferente, salvo a cama, um móvel parecido com um criado mudo e outro com um armário. A, detalhe, todos em metal. Mas era de se esperar que fosse assim, ela era filha de ferreiro. Os outros móveis que vi não imaginei de o que seriam e para que serviriam. Ela estava sentada na cama, marque minhas palavras, o “sentada” dela definitivamente era algo... No mínimo estranho. De fato ela estava sentada apoiada em duas pernas, porém há um detalhe a mais... Como eles tem 3 olhos, um em cada ponto da cabeça, e três braços e pernas imediatamente abaixo deles, acho que deu pra entender então? Ela sentava de um modo que deixava duas das pernas pros lados e uma para frente. Estranho, muito mesmo. Passado o choque em um segundo – me prezo de que meus choques quando vejo coisas estranhas são bem rápido em passar – me dirigi até ela.
-Eu decidi.
-Imaginei que sim, e qual é a sua resposta?
-Eu vou.
-Por quê?
Nesse momento o olho que estava virado para mim imediatamente faiscou, de um modo que me pareceu o seu pai olhando minha aura, porém de modo ainda mais intenso. Parecia interessada, tanto por curiosidade e por cuidado. Eu seria seu guarda-costas.
-Esse mundo, ele é novo pra mim. Eu estou curioso sobre o que tem nele. Seja cheio de monstros ou coisas do tipo, eu, ainda assim, quero desbravá-lo. Antes morrer aprendendo do que ficar parado em um canto fazendo nada.
-Interessante... Uma resposta que de fato não esperava ouvir. Pensei que diria algo do tipo que tem uma dívida a quitar. Mas achei sua resposta ainda mais fascinante. E acima de tudo. Diz a verdade. – mais uma vez ela me olhou com aquele olho faiscando – e tem um fogo nos olhos...
Ela se levantou, se dirigiu até a mim e falou:
-Gabriel, a partir de amanhã você irá treinar o uso de Kleizwar com a melhor pessoa que conheço que a usa. Mesmo sendo em 4 dias, você ira manejar a Kleizwar tão bem, mas tão bem que parecerá que esteve treinando por ao menos 4 meses.
-Nossa! Ele é bom assim?
-Sim, muito. E de certo modo a Kleizwar é uma arma de fácil assimilação. Ela funciona tanto como proteção quanto uma espécie que multiplicador de força. Não sei explicar bem, mas creio que isso seja pelos mecanismos que há nela.
-Então, é mais que um simples punho protetor...
-Exato. E acho que dizer que é uma espécie de punho protetor é errado.
-Como assim?
-Acho que seria mais como uma proteção aos braços.
-Ah sim.
-Bom, com licença Gabriel, preciso fazer o jantar.
ROOOOONC
Foi assim que meu estômago fez na menção daquela palavra.
“Jantar”
-Nossa. O que foi isso – Falou assustada Klarr – Alguma fera?
-Err... Não... Foi... Meu estômago... Eu to com fome.
Ela me olhou assustada com aquele barulho. Pensando bem, como diabos eu ainda não tinha sentido fome? Eu imagino que tenha ficado coisa de 2 dias sem comer NADA! E ainda assim não senti fome... Vai entender...
-É assim que os humanos fazem quando sentem fome?
-Mais ou menos, são os nossos estômagos que fazem isso... Isso acontece quando temos muita fome... Bom, o que vai ter pro rango?
Sorri amarelo como sempre faço quando digo algo que soa vergonhoso.
-Vai demorar só mais um pouquinho! Os meus irmãos devem estar famintos também!
-Irmãos?
-Sim! São os que trabalham com o meu pai. Mas pra falar a verdade eles não foram fecundados pela minha mãe e pelo meu pai. Pros humanos isso seria como “filho adotivo”, não?
-É normalmente sim.Ah é, tô pra te perguntar uma coisa a algum tempo sobre a fecun...
-Klarr, anda logo, estamos famintos! – falou Maklos que tinha acabado de entrar no quarto – E o Gabriel mais ainda!
-Hey, vocês não responderam a minha pergunta da fecun...
Sons de passos altos e o falatório subsequente abafaram minha pergunta, até o final do jantar, e logo após foram todos dormir, menos Maklos que ficou fazendo a Kleizwar. Por sinal, foi ali que conheci a pessoa que iria me treinar. Esqueci de comentar, havia outro humano ali, o nome dele era Giuseppe, mas disse que conversaríamos melhor no dia seguinte. E assim a noite passou rápida para eles, mas para mim...
Eu me vi em minha casa, com minha família: Meu pai Augusto, minha irmãzinha Cláudia e minha avó Sabrina. Eles estavam felizes, com um detalhe, sem mim. Ao que parecia eles tinha esquecido de mim. Aquilo me fez acordar no meio da noite com lágrimas nos olhos, e assim que voltei outro pesadelo me atormentou. Ao invés de minha família, dessa vez foram meus amigos que povoaram meu sonho, ou melhor, meu pesadelo. Era a mesma coisa. Como se eles tivessem esquecido de mim, e o pior, minha consciência dizia que aquilo de fato tinha acontecido, eles tinham esquecido de mim. Não tinha deixado nenhum rastro da minha existência no meu mundo. Nenhuma.
Acordei no dia seguinte triste e abatido.
Tomei meu café-da-manhã junto com os irmãos de Klarr, e naquele momento descobri que eles eram assim considerados que quando um Krill ferreiro começa a trabalhar com outro eles eram considerados como filhos desse ferreiro, e então presumi que Klarr era filha única.
-Ei, Gabriel.
-Hã? – me virei, era Giuseppe – Ah! Giuseppe...
-Que cara amuada é essa homem? Tem que estufar o peito por mais cansado que esteja, é assim que um homem mostra a que veio. Me diga, o que houve?
Giuseppe devia ter por volta de 35 a 37 anos, era parrudo, meio calvo e tinha traços físicos italianos.
-Não é nada de mais... Só não estou acostumado com as noites desse mundo ainda.
-É assim mesmo. No fim você se acostuma e os pesadelos vão embora.
-Peraí! Como sabe que tive pesadelos?
-Por que todos os humanos quando vem para esse mundo tem eles, e normalmente são as mesmas coisas sempre. Ser esquecido pelas pessoas que você nunca esqueceria.
-Você... Passou por isso?
-Não. Eu vim para esse mundo em período de guerra. Ou melhor, quando meu país estava em guerra.
-Seu país? Qual era seu país?
Aquilo era no mínimo impressionante. Se essa guerra fosse a 2ª Mundial então aquele homem de 35 anos teria vindo a esse mundo a mais de 75 anos!
-Itália. Recém unificada. Por que garoto?
-Isso... Isso... Isso é simplesmente... Nossa nem tenho palavras para definir isso!
-Eu tenho: Normal.
-O QUE?! NORMAL?
-Ei, ei, ei, não grite! É normal sim. Já conheci centuriões de César para você ter uma idéia. Chegar nesse mundo de diferentes épocas é comum. Apesar desse mundo ser antigo. Bem antigo.
-E incrivelmente para alguém da década de 30 você é tranqüilo quanto a isso...
-Eu cheguei a esse mundo com meus mais a de 19 anos. Estranhamente aqui também o ano tem 365 dias e um ano bissexto. Mas isso não é importante. Eu vou te ensinar o que é realmente importante. Usar as Kleizwar.
-Certo.
-Antes eu tenho que te explicar o que elas fazem. As Kleizwar não servem apenas como proteções mas também como ampliadoras de força física, tanto para agarrar quanto socar.
-A Klarr tinha me dito isso.
-Bom, isso então facilita as coisas. Mas – ele pega um par de braçadeiras de metal dentro de uma caixa que ele tinha trazido consigo – treinamento prático é sempre melhor, aqui, pegue.
Assim que ele as estendeu eu pegue, e então...
-Pesado! – deixei elas caírem no chão – Ops...
-Hahaha, essas Kleizwar não foram feitas para você, por isso são mais pesadas. Na verdade não tem como você usar elas, elas são minhas.
Giuseppe pegou as Kleizwar dele e as colocou,.
-Aqui, você pode usar essas luvas de metal que são comuns.
Elas eram de fato pesadas, mas não tanto quanto as Kleizwar do Giuseppe.
-Tá, e agora?
-Está vendo aquelas placas de madeira?
-Sim.
-Quebre-as, quero 85 no final de 2 horas.
-O que?! Isso é impossível!
-Se você assim achar será. Mas será tão difícil assim?
Giuseppe se virou bruscamente e varou um soco no meio de uma dessas placas, e a esmigalhou e pequenos pedaços...
-I-Incrível! Mas...
-Sem mais, comece a fazer isso agora.
Ele então se sentou em um pedra que havia perto dele e ficou me obserrvando.
Soquei a primeira placa, não doeu, mas não quebrou
-Mais força, Gabriel, assim você não alcança a marca.
Mais uma tentativa. Frustrada, e outra, e outra, e outra... Minhas mãos estavam dormentes e eu ainda estava na primeira tábua, elas eram grossas demais. Até então...
-Minhas mãos estão molhadas... – tirei as luvas e um líquido viscoso vermelho escorreu – Sangue... – era muito- Eu, preciso estancar agora! – começou a arder – Caraca, que saco...
-Aqui, enfaixe com isso – Giuseppe me estendeu uma toalha fina para estancar o sangue – E volte a treinar.
-Você é louco? Eu tenho que limpar isso!
Corri para a casa e entrei no banheiro, lavei as mãos e vi que estava com vários cortes e manchas roxas, isso tudo em um pequeno período de tempo.
-Ai... Saco...
Comecei a enfaixar os braços para impedir que o sangue continuasse a fluir.
Esse pequeno incidente seria apenas o primeiro de muitos naquele curto período de tempo.

“Quatro dias...”

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Eu, também estou muito ansioso para o que virá daqui para frente. Pra falar a verdade, algumas idéias eu tenho no momento em que eu estou escrevendo... Grande escritor eu, não?
Bom por hoje é isso! Espero vê-los em uma próxima (breve) ocasião.

Until Next Time!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Nono Encontro - gogogo Leon! Você consegue continuar!

Olá caros leitores, como têm passado? Bem eu espero!
Seguinte, essa semana trago a vocês mais um capítulo do “Dimensão do Meio”. E os capítulos que vocês tem lido dessa estória são prólogos, e essa estória se conectará a duas outras estórias minhas: As sagas de “Austril” um projeto meu, de cerca de 11 anos e de “Novo Mundo”. Com o passar do tempo irei falar mais delas. Mas sem mais delongas, aqui está o 4º capítulo de “Dimensão do Meio”!

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-Gostaria que escoltasse minha filha até uma cidade, um tanto quanto distante daqui.
-Ah sim... Fico aliviado em saber... Mas por que eu?
-Não posso deixar a forja e nem posso enviar nenhum dos meus companheiros. E ultimamente nenhum aventureiro tem passado por aqui.
-Aventureiro? Como assim?
-Eles gostam de ser chamados assim... A maior parte é humana como você... Ou melhor... São parecidos com você. Isso não vem ao caso. O que importa é que eu preciso que você faça esse favor pra mim.
-Certo... Eu o farei. Mas... Por que confia em mim assim?
-Por que não confiaria? Você não tem por que querer algum mal a minha filha. Mas fique calmo quanto a necessidade de suprimentos para sua viagem. Terá água, comida e equipamentos necessários.
-Que equipamentos serão esses necessários para a viagem?
-Barracas, lampiões, uma arma e algumas proteções.
Aquilo tinha me soado muito estranho. Arma, para o que?
-Para que uma arma? Há bandidos por aqui?
Estava assustado, mas...
-Não muitos, ao menos não nessa área, porém há muitos monstros por aqui. Esse é o ponto médio entre mundos. Há mundos que não são tão seguros quanto os seu ou o meu. É algo necessário.
Aquilo me deixou apavorado!
-Como assim monstros!? Você, sem mais nem menos me salva, me dá comida, banho e me diz que quer que eu leve sua filha até uma cidade e no caminho tem monstros? Ah claro! Você não tem noção!
-Me desculpe, mas poderia falar mais baixo? Não estou mandando você sem mais nem menos. Essa é a cidade mais próxima, que é 2 dias de viagem daqui. Não tem como você ficar aqui, você não sabe forjar e nem tem o corpo para minerar. E o equipamento que lhe darei já é o pagamento pela escolta.
-Aham, e eu sei usar uma arma ou coisa do tipo!
-Quando disse que somos habilidosos forjadores não estava mentindo.
-O que quer dizer com isso?
-Forjamos aquilo que é mais adaptável para o usuário.
Fiquei confuso, e somado isso com minha raiva e medo fiquei completamente perdido. E com isso só expressei isso com uma só palavra:
-Hã?
-Temos a habilidade de conseguir criar qualquer coisa que seja de metal para ser capaz de adaptar ao usuário. Por exemplo, pegando suas medidas, peso, e vendo seu tipo de Aura podemos saber a arma de que se adapta melhor a você.
-Aura... Como assim Aura? Como se fosse uma energia não visível ao olho humano que tem haver com a personalidade e com a condição emocional da pessoa?
-Exato, a única diferença é que nós, os Krill, podemos ver as auras das pessoas. Ou melhor, das coisas. Isso é um dos fundamentos de nós sermos excelentes em forjar. E por sinal, como sabe disso?
-É que eu fiz faculdade de psicologia no meu mundo.
-Ah, entendo. Faculdade... Ainda não estou acostumado com essa palavra. Ela não existe no meu mundo.
-Verdade?
-Sim, existem palavras que não existem em outros mundos, embora todos aqui consigam falar a mesma língua.
-Todos falam a mesma língua? Pensando bem, agora que mencionou percebi que fala mesma língua que eu. Mas qual o porquê disso?
-E por que não?
-É que no meu mundo existem mais de 300 línguas diferentes...
-Estranho, todos no meu mundo falam a mesma língua. Mas estranhamente... Eu entendo o que você quer dizer... E me lembro de outros humanos como você dizerem a mesma coisa. Isso deve ser um mistério do seu mundo. Agora tenho uma pergunta para você. Não sente falta do seu mundo?
-Não tem como sentir ainda. Para mim... Parece que eu estou viajando, mas sei que daqui a algum tempo eu sentirei falta de meus amigos e da minha família.
-É isso é compreensível... Mudando de assunto, preciso da sua resposta, vai ajudar minha filha ou não?
-Ao que parece não tenho muita escolha mesmo. Sim, eu irei.
-Ótimo, preciso tirar as suas medidas de braços, pernas, dedos, cabeça, tronco... Ah, do seu corpo todo, acho que você me entendeu.
-Entendi sim. Agora?
-Quanto mais cedo melhor.
Ele começou a medir todas as partes do meu corpo onde tinham articulações. Viu meu peso com uma balança que parecia ser de pressão. E olhou atentamente para mim, ou melhor, para minha Aura, imagino eu.
-Certo... Acho que Kleizwar vá servir...
-Cleixvá?
-Kleizwar, é um tipo de punhos protetores. Acho que você irá se adaptar bem. Me dê 5 dias, por esse tempo sinta-se em casa, você pode pedir a minha filha para lhe mostrar as redondezas.
-Certo... Mas... Ainda tenho dúvidas em meu coração.
-Será assim. Aprendi como é o coração humano com as pessoas que conheci...
-Aprendeu? Creio que não Maklos. Nem nós, humanos aprendemos.
-Uhm... –Maklos pareceu surpreendido por essa frase – Entendo... Mas ainda assim... Vocês são fascinantes.
-Ih! Saí pra lá cientista maluco! Com licença, imagino que tenham um trabalho para acabar.
Maklos riu.
-Gosto desse seu espírito! Continue assim. Agora... Ao trabalho!
Saí da sala de forja e me dirigi para fora da casa, que do lado de fora percebi que era oval e tinha vários dutos de o que, ainda achava, serem de água. A casa era em uma colina e ao lado pude ver que tinha uma entrada para algo que parecia ser uma mina. Pensei então que os metais usados por eram retirados dali. A vista era bonita, bem diferente em questão de arvores e cores de pedras, mas ainda assim era uma vista bem bonita.

Porém aquela vista poderia ser comparada a uma mulher assassina. Bela... Porém mortal...

Cinco dias até meu mundo mudar... E minha jornada para mudar meu mundo...

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Então, como sempre eu pergunto: O que acharam?
Bom, próxima semana eu postarei o capítulo seguinte. E eu digo, as coisas vão ficar brabas!
Bom, um abração aos meus leitores e leitoras!

Until next time!

domingo, 4 de julho de 2010

Oitavo Encontro - Tirando a camada tripla de poeira

Olá caros leitores, como tem passado nesses últimos seis meses de hiato? Bom, sinceramente, hiato que nada, eu particularmente estava com preguiça e falta de inspiração mesmo... Peço desculpas a vocês, sinto muito, foi irresponsabilidade minha. Porém nesses meses que se passaram procurei novas inspirações, idéias, noções, opiniões e o mais importante de tudo: A mim mesmo. Pois bem, sigamos em frente, pois não posso mais olhar longinquamente a frente, mas vamos por passos lentos. Hoje trago a vocês mais um capítulo de "Dimensão do Meio" e o capítulo de uma nova estória minha, um trabalho conjunto que ainda está por começar, mas o que será escrito aqui é um prólogo. O nome da estória é "Otaku no Hibi: As Crônicas do Leão Uivante". Logo de cara uma explicação: Otaku no Hibi é um grupo de pessoas que gostam ou tem alguma simpatia pela cultura japonesa, eu sou um dos coordenadores desse grupo. Mas embora ele seja um grupo ativo pequeno, somos muitos unidos, e em homenagem a eles, me comprometi de escrever o que vai acontecer em uma mesa de RPG um tanto quanto especial. No futuro serão dados mais detalhes sobre a estória, então aguardem! Então, a viagem meus amigos!

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-Ah... Dormi bem... Me sinto bem melhor agora. Onde será que o... O... Ah, esqueci o nome dele... Como era mesmo...
-Maklos, e ele está na sala. Como está se sentindo?
-Huh? Você... Você é a... Klarr, não é isso?
-Isso, sou a Klarr. - ela sorri - Engraçado, você esquece do nome do meu pai e se lembra do meu.
-Hã? Não se impressione com isso, minha memória é estranha mesmo. Lembro de umas coisas e esqueço de outras.
-Certo, certo... Mas pelo visto seu corpo já está adaptado. Isso é bom.
-Imagino que você tenha passado por isso também.
-Não, não passei... Sou nativa, ou quase...
-Nativa, você... Nasceu aqui?
-Meus pais já vieram pra esse mundo fecundados. Por isso sou meio-nativa. Mas no fim sou nativa mesmo, não se preocupe com essas coisas.
-Entendi... Peraí? Fecundado...
-Excelente! É muito bom saber que você já está bem. - Maklos entrou - E você realmente tem sorte, um humano viajante lhe deu essas roupas. Vamos levante-se, precisa tomar um banho pra ficar bem!
-Ah, Maklos! Obrigado mesmo! Mas eu tenho uma pergunta, sobre a fecun...
-Pai, leva ele no banheiro logo, ele ta ensopado de suor!
Realmente, eu tava todo suado. Pelo jeito devo ter tido febre.
-Por aqui, por aqui!
Enquanto andava pela casa guiado por Maklos até o banho, vi que era uma casa com um corredor principal, com a entrada da casa nele. Os cômodos eram dispostos todos nesse corredor. Pelo numero de portas, havia oito cômodos. Não pude saber quais eram eles, alguns estavam fechados. Mas...
-Nossa ta quente aqui...
-São as nossas forjas. Nossa raça é extremamente habilidosa com metais. O banho é aqui.
-Obrigado Maklos!
-De nada!
Amplo, circular, e cavado no chão, assim é o banho. É como se fosse um ofurô gigante, mas a água não tem cara de ser quente. E...
-Nossa! A água tá morna, no ponto! Que bom...
Demorei coisa de meia hora, aproveitei bem o banho.
-Gabriel? Já terminou? - Era a Klarr - Meu pai quer falar com você. Por sinal, as roupas estão estendidas na parede a esquerda.
-Obrigado Klarr. Já as vi, tô saindo daqui a pouco!
Me vesti, as roupas ficaram um pouco largas, mas ajeitei um pouco. Elas eram um tanto quanto rústicas, como seriam roupas do século XVIII, ao que parecia, a tecnologia daqui não é muito avançada...
Saindo do banho, Maklos me esperava do lado de fora, ele, ao que me parecia, já que não consigo ler muitas emoções deles, fora o sorriso, me parecia bem preocupado e, além disso, parecia que queria me pedir algo.
-Gabriel, poderia me seguir? Creio que tenhamos que conversar...
-Claro... Mas do que se trata?
-Tenho um favor para lhe pedir.
Sabia, acho que não é a toa que eu escolhi seguir a faculdade de Psicologia...
Entramos em uma das salas da casa, era uma forja... Ao menos parecia. A estrutura era bem complexa. E vendo agora, dutos, que pareciam ser de água, circulava pela sala toda, provavelmente para esfriar o local. Haviam alguns utensílios sendo feitos por outros três Krill, coisas simples como panelas e garfos.
-Bom Gabriel, em troca da hospitalidade que lhe ofereci gostaria de lhe pedir um favor, muito importante por sinal.
-Do que se trata? – na hora tinha pensado: “Sinceramente, tomara que não envolva nada grande a ser feito” – Algo a ser feito aqui?
-Não, não aqui, e se trata, de certo modo com a minha filha.
-Sua filha? – Nessa hora me desesperei, pensava em coisas como casamento, estilo as histórias de forasteiros salvos por índios americanos e coisas do tipo – O que... O que que o senhor quer?
-Gostaria que escoltasse minha filha até uma cidade, um tanto quanto distante daqui.

Mal sabia eu, que ali, a minha vida que já estava de ponta cabeça, seria posta do avesso...

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E agora o Prólogo da estória Otaku no Hibi: As Crônicas do Leão Uivante.


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“Que calor é esse? Essa chama... Eu... Eu não o conheço. Mas... Estranhamente... Parece que ela me conhece...”.

Acordo olhando para os lados, estou em uma espécie de escadaria em local aberto, é um campo bem cuidado, pensando melhor, parece mais um jardim. Tem animais aqui. Pássaros, cães, gatos, coelhos. Eles parecem não se importar comigo. Na verdade parecem estar... Não, animais não ficam felizes com estranhos.
Minhas pernas estão formigando um pouco, da mesma maneira que eu as sinto quando estou muito cansado. A pergunta então é, por que estou cansado... Ou melhor! Como não percebi isso antes! Onde eu estou?! Eu não era pra estar aqui quando... Quando...
-Ei! O que você está fazendo aqui? Ah, que se dane, não me importo com esses detalhes. Até é bom que você esteja aqui.
-Quem é você?
Depois de ter perguntado veio o choque. Aquela pessoa tinha olhos e cabelos vermelhos como ferro aquecido, mas que ainda assim tinham uma luminosidade incrível, como se nunca tivesse perdido sua força de vontade. Mas, mesmo tendo os olhos vermelhos que de longe seria a característica mais estranha havia outra que contrastava ainda mais. Bem mais. Ele era idêntico a mim em todos os outros aspectos. Fisicamente falando, mas olhando melhor ele tem uma postura mais ereta, mais orgulhosa.
-Olha só que pergunta tosca, vinda especialmente de uma pessoa tosca como você. Você sabe como ferir o orgulho das pessoas, Leonardo. E não devia se orgulhar por isso.
-Ira? É... Você?
Isso seria impossível, fisicamente, psicologicamente e muitos outros “mentes”. Ira é minha Personalidade Matriz. Ou melhor, uma das Personalidades Matrizes.
-Arg... Ainda me chama de Ira? Não sou Ira, não sou sua Raivinha do mundo e tudo mais seu Emo! Eu sou o Orgulho! Que a muito você tem esquecido e subjugado.
-Orgulho. È tenho que assumir que a muito tempo não tenho sentido orgulho de muitas coisas... Mas tenho orgulho dos meus ami...
-Não me venha com esse papo de orgulho de amigos! Eu falo de orgulho de você mesmo! Você se mantém sempre um nível abaixo dos outros, só pra não se machucar, só pra não se sujar. Você tem medo. Você sempre temeu o mundo de fora, nunca quis se orgulhar de algo. Nunca! Você... Você... ARG! VOCÊ NÃO PASSA DE UM VIADINHO ASSUSTADO!
-O que você disse?
A raiva fluía por dentro de mim. Não... Não... Ninguém pode falar isso de mim... Nem eu mesmo... Medo? Eu? Não... Não tenho medo do mundo... Eu...
-Lá vai você de novo pras suas lamentações e perguntas sem reposta concreta e rápida.
-Você não tem o direi...
POFT!
Latejando, doendo e quente. Depois de ter ouvido um som parecido com esse do soco que tomei, era assim que eu sentia meu rosto.
-SEU IDIOTA! POR QUE VOCÊ FEZ ISSO!?
-Pra você sair dessa, seu viadinho lerdo.
-PARA DE ME CHAMAR DE VIADINHO E DE LERDO!
-Para... Para... – esse modo... Infantil de me provocar repetindo algo que disse... Isso desde sempre me levou apenas a um lugar... – Você não apren...
POUFT!
-O que você disse seu idiota? Repete, repete pra mim agora!
Os olhos vermelhos - dessa vez impressionados - olhavam pra mim. E o rosto ficou vermelho, mais que os olhos dele com o soco do lado direito. No momento seguinte os olhos dele flamejavam. Não de raiva. Mas de...
-Cara, agora você me deixou orgulhoso! Fazia tempo que eu não via esse seu fogo explodir. Era esse o Leonardo que eu queria ver! Agora sim!
Ele se recompôs, esfregou a mão onde eu soquei, se aproximou e ele me olhou dessa vez não orgulhoso, com raiva ou com ar impressionado. Era preocupação profunda.
-Leonardo, estamos com um problema, e problema dos grandes.
-Qual problema?
-Sua mente, é esse o problema. Você está perdendo ela, e nem está percebendo por si.
-O que?! Como assim?! Minha... Mente? Não, isso não faz sentido!
-Então ser socado e sentir a dor por um soco dado por mim faz sentido? Não se esqueça, eu existo na sua mente. Por sinal... Bem vindo a sua mente. Só que dessa vez, de alma inteira.
-Minha mente... Qual o problema então?

“No fim das contas a chama me conhecia sim. E eu a conhecia também. Pois eu havia a criado. Só não me lembrava”.

Otaku no Hibi: As Crônicas do Leão Uivante
Em breve...

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Então meus caros leitores? O que acharam do retorno? Espero que muito mais venha em frente! Espero o apoio e retorno de vocês, as suas opiniões como sempre são muito importantes!
Então é isso! Nos vemos na próximas meus caros.

Until next time!