segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Ô povo burro!

Sem tempo pra explicações do porque faz 4 anos (welp!) que não publico nada aqui. Publiquei, 2bjs!

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Numa rápida reflexão sobre o povo, o povo brasileiro, as grandes massas, eu paro para pensar o quão estranho é o fato dele manter-se calado ante numerosos e problemáticos acontecimentos em nossa sociedade e nossas vidas. Percebo que o povo demonstra pouco valor de reflexão e preocupação sobre um determinado acontecimento que pouco vai além de uma opinião - normalmente inflamada - sobre um assunto. Quase que uma reclamação sobre os problemas que seu time passa ou como um jogador tem ido mal. É aquela tal coisa de "fulano tá fazendo merda e é um babaca, tem que matar/prender/chutar/agredir/repreender-de-alguma-forma-normalmente-violenta".
De certa forma, isso demonstra um pouco de inocência, e não a inocência pura cantada aos versos tal como a inocência que reside nos olhos de uma criança, mas a inocência que jaz na raiz da palavra: sem noção.

"Eita, então tu tá chamando o povo de burro?"

Sim, não e talvez.

Sim - O povo é burro por não se permitir ir além da zona de conforto que ele constrói pra ele, uma espécie de dique de informações que ele julga não necessárias pro seu dia a dia, nada que vá muito além de família, trabalho, amigos, futebol, religião (aqui sendo discussões que estejam dentro da esfera e visão da que segue) e política. Mas esta política é bem como o que disse acima, de escurraçar o político. Ou cantar glórias e tecer louvores a um deles que de certa forma fez algo por esta pessoa, mesmo que fosse obrigação dele. Nesse ponto percebemos que há muito espaço para que o povo seja enganado, ou melhor, permitir-se ser enganado. É o melhor caso em que aplicamos o "a ignorância é uma bênção", pois "o que os olhos não veem, o coração não sente". No âmbito de conhecimento, pensamento e reflexão o povo deixa a desejar.

Não - Mas de fato, o povo não é burro. Ele se faz de burro. Tanto no sentido figurativo de pouco inteligente quanto no figurativo ao animal, pois ele se permite ser feito de burro de carga. Nos dias de hoje a informação está na internet, pronta para ser acessada, mas verdade seja dita: aida poucos tem acesso a ela. Embora telejornais demonstrem em suas notícias intensa interação com a internet, isso não representa muito. Numa rápida pesquisa - na internet - descubro que cerca de 70% dos jovens de 15 a 19 anos (dados extraídos do Folha de São Paulo, fonte IBGE) são os que acessam a rede. Eles são de uma nova geração, as pessoas mais velhas não acessam tanto a rede, somente nas camadas mais ricas da sociedade, e que consequentemente são menores - e não são o povo como definido acima -. Porém, internet não é verão para o povo. Sua sabedoria, acumulada e decantada ao longo dos anos consegue desenvolver bons pensamentos, boas resoluções, e que de certa forma, num âmbito amplo demonstra certa sobriedade nos seus atos, escolhas e ações. Inclusive no ato de não saber, pois não saber não é ser burro. Não saber pode ser não perder o foco daquilo que importa: viver. No âmbito de sabedoria, sobriedade e tenacidade o povo demonstra por que não foi esmagado pelo peso de suas responsabilidades.

Talvez - Mas no fim, mesmo com esses pontos levantados que demonstram que conhecimento tem a ver com inteligência assim como sabedoria também - ao menos nesse contexto - é difícil ter uma conclusão única. Se por um lado o povo escolhe as "sombras da ignorância" deve ser por que há um pusta sol abrasador queimando seu quengo, mas ainda assim não ver e não saber do que há além de onde se resguarda do sol é não saber o que - também - está o resguardando dele. O peso do dia-a-dia do povo brasileiro é pesado, um fardo muito pesado mesmo. É angustiante, estressante, cansativo, perene e aparentemente interminável. As melhorias diretas na vida do povo tem sido poucas ao longo do último século. Podemos ver houve evolução, mas os problemas raíz ainda existem: educação, saúde, alimentação. Moradia e entretenimento tem sido problemas bem aliviados. Alimentação também, mas de uma forma que a fome passa, a qualidade não melhora, e isso só agrava o problema "saúde". Olhando esses problemas - e selecionei poucos, os que vieram a minha cabeça de primeira - dá pra ver bem que já há muito a se preocupar, e isso dentro da própria vida. É tanta coisa a se ocupar mentalmente que pouco sobra tempo para refletir sobre o que pode ser feito. E quando sobra opta-se por continuar ignorando/esquecendo, para ver se há um momento de paz. Isso gera dois frutos: a inocência e a culpa. Inocência que impede que haja uma completa e absoluta resolução de condenação para o povo por fugir de reponsabilidade de melhorar sua própria vida de outra forma além do seu trabalho e culpa que parte da opção de não discussão, não pensamento e não ação, agindo feito um burro de carga.
É importante notar que culpa, nesse contexto, é o sentimento que surge a partir da escolha de não-ação e não culpa como valor moral para condenação.

No fim, mesmo que se diga ou não que o povo é burro, só é possível vislumbrar um pequeno pedaço dos problemas. Sequer é possível compreender o/os cerne/cernes dele.
Assim, ao menos pra mim, ainda tento compreender por que o povo fica tão calado.

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/05/1279552-acesso-a-internet-no-brasil-cresce-mas-53-da-populacao-ainda-nao-usa-a-rede.shtml

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